Capítulo V: preto
Um dia o Verde me disse que achava assombroso essa minha habilidade de estar mas não estar presente. Ele tinha medo, apesar de não surpreender-se, das minhas incontáveis camadas emocionais que me controlavam e constantemente sobressaiam minha razão. Para ele não era difícil prever que nosso quase equilíbrio estava a margem de seu colapso.
O verde está em todos os lugares, conquanto, cabe a sua perspectiva buscá-lo. Quando encontrei Azul, o meu verde esmaeceu-se. Pelo meu carmim fui tomado.
As copas das árvores, em seu intenso verde, demonstram o caráter mais nebuloso em mim por meio da ocultação da luz do sol. Imerso em minha autêntica penumbra, em meus últimos momentos de lucidez, permito-me imaginar o quão pleno o universo poderia ser se, ao invés de rejeitá-lo, aceitasse-o. Quão infinito e intenso o universo poderia ser se pela cor roxa fosse formado?
Eu fui nossa barreira, nossa única limitação. Fui o único responsável por nosso fim. Por favor, salve-nos. Você sabe onde estamos?